Oct 18, 2007

Aprender a fluir com a vida

Ontem uma amiga de longa data quis ir a uma aula de meditação num centro budista. Como ela tinha receio de sair de lá vestida de cor-de-laranja e cabelo rapado ou de afinal ser tudo uma tanga e tirarem-lhe um rim, desafiou-me para ir com ela (assim, éramos duas a ser alvo do embuste) e eu, sempre aberta a novas experiências e com a habitual dificuldade de dizer não, lá fui também. O tema da meditação era “Aprender a fluir com a vida” e pareceu-me que podia ser interessante. Chegadas ao centro, dirigimo-nos descalças para a sala, onde já só havia lugares na primeira fila e lá nos sentámos. À nossa frente estava aquilo que deve ser uma espécie de altar budista, cheio de budas de vários tamanhos. E mais abaixo no altar, comida. Mas o caricato é que não era comida confeccionada, tipo oferta de refeições ao Buda. Era comida embalada: frascos e frascos de mel, farelos e ainda muita massa dentro do pacote. Isso mesmo. Pacotes de massa crua de oferta ao Buda. Começo com vontade de rir pelo caricato da coisa, especialmente depois de ler num dos pacotes de massa que se tratava de macarronete integral, facto que na altura achei de uma graça extrema. A sala em silêncio completo, estava tudo já a meditar e eu não consigo controlar, começo a emitir ruídos. Abano o corpo, a minha amiga começar a abanar e emitir ruídos também e pronto, está tudo estragado. Estamos numa aula de meditação com um ataque de riso de correr lágrimas pela cara e quanto mais tento controlar mais estou a sufocar nas minhas gargalhadas. Levantámo-nos e fomos para a última fila, onde afinal havia dois lugares vagos, para não darmos tanta barraca e deixarmos de ver o macarronete… e ao fim de um bocado lá conseguimos esvaziar a cabeça de pensamentos engraçados e assistir às quase duas horas de meditação e explicação sobre a “impermanência” da vida sem sermos expulsas dali…

9 comments:

GoncaloCV said...

muito bom!

Ana said...

Eu também partilho dessa dificuldade na abstração. Supostamente nas aulas de yoga temos de estar concentrados no exercício e na respiração (e quem sabe, um dia, meditar mesmo)e eu só me lembro de coisas absolutamente comezinhas, do tipo que filme vou ver hoje, o que hei-de mandar fazer para o jantar, ah e tal. Será porque somos umas frenéticas crónicas? Beijos, AMR

Bee said...

G!, calculo que capacidade meditativa não é para qualquer um!!! :-P

Ana, frenéticas crónicas, nós?? hehehehe (recordo-me de há alguns anos atrás, dumas célebres sessões de sapateado à frente da nossa chefinha, para a distrair do trabalho... remember?)

Kisses, Bee

pp said...

e que tal? Foi bom...que tal te sentiste no final

MIN said...

essas vontades de rir incontroláveis já me deixaram muitas vezes roxa!
Kisses!

Bee said...

pp,

Meditar não é fácil. A parte de esvaziar a cabeça de qualquer pensamento e concentrares-te apenas na respiração é tramada para mim. Ao fim de um bocado, sem dar por isso, de repente já estou a pensar numa treta qualquer, tipo no jantar que vou ter daí a bocado ou que me esqueci de por a máquina a lavar ou ainda no penteado absurdo da senhora da frente. E toca a esvaziar a cabeça outra vez. Mas mesmo com estas limitações, o exercício de concentração é muito interessante!

Bjs, Bee

GoncaloCV said...

eu não consigo.

quando tento passado dois segundos tou a pensar numa coisa qualquer.

começa de mansinho: "não penses em nada, não penses em nada, mas será que pensar em não pensar em nada não é pensar, e o que é que eu tou aqui a fazer, o que é que vou comer logo, etc...."

no way josé

Bee said...

min, vontade de rir incontrolável acontece-me frequentemente e nas ocasiões menos próprias...

g.! pois é, a minha meditação também começa sempre por "não posso pensar em nada não posso pensar em nada pensa em branco mas branco é uma cor e não posso pensar em nada ó que raios e ainda por cima o estômago está a fazer barulho e daqui a bocado...upss" hehehe

bjs

Catwoman said...

mto bom!
é que tou mesmo aver a cena...

gosto dos budas de varios tamanhos..e das oferendas..nao havia pacotes de gomas?
eu seria pessoa para roubar uma oferenda ao buda, e ser amaldiçoada!

eu ja tentei fazer meditaçao mas como consegui, entrei num mundo paralelo qqer e começei-me a enervar a achar que nao ia sair daquele transe...foi horrivel.
Um stress!

qto ao fluir com a vida...talvez com aulas de nataçao mental se vá lá melhor...
eu ainda nao consegui fluir...talvez com mais sal haja mais leveza..

bjs!