Oct 26, 2007

E ainda a propósito da discriminação

Ora bem. Depois de ter sido acusada de discriminação via blog e via email, venho esclarecer a coisa para que não restem dúvidas nenhumas: eu não discrimino e discrimino ao mesmo tempo! Esclarecidos?

Pois, calculo que não. Passo a explicar. Eu não discrimino porque à partida, dou oportunidade a todos, homens e mulheres, sejam brancos, pretos ou amarelos. E tenho o cuidado de quando marco entrevistas, mesmo que só tenha visto cv’s de raparigas que me tivessem chamado à atenção, escolher uns quantos do sexo masculino para contrabalançar. Mas a verdade é que chegada a hora da escolha e após entrevistas, é muito raro que a minha primeira escolha não recaia sobre uma mulher, pelo facto de ter gostado mais do CV dela, do modo de estar, da personalidade, dos objectivos de carreira, etc. Depois, porque honestamente acho mais fácil trabalhar em equipa com mulheres do que com homens, conhecendo claro está várias excepções a esta regra. Depois, porque o aliviar da tensão de trabalho com uma piada e gargalhadinha durante 5 minutos é mais fácil entre mulherio que se encontra na mesma onda piadista. Por último mas não em último, porque acho que as mulheres trabalham mais, são mais dedicadas e mais permeáveis, mais adaptáveis a novos estilos de trabalho e não têm problemas nenhuns com uma chefia feminina…

Mas para contrariar a minha tendência discriminatória, a penúltima aquisição que fiz foi um rapaz. Apesar de ao princípio ter sido dificuldades na adaptação, ele agora já está perfeitamente enturmado. Já tem grande dedicação e trabalha largas horas sem se queixar. (E já comenta os sapatos novos que comprámos, os cortes de cabelo e larga piadas ao estilo feminino e ri-se das mesmas imbecilidades, estando a par de coisas tão importantes como quais são os cabeleireiros decentes próximos de nós – por causa disso, já o alertei para o risco de ele, sem dar por isso, estar a ficar efeminado…)

Oct 24, 2007

Breve momento feminista

Acabei de contratar uma advogada nova para o meu departamento. Além de esperta, posso dizer, do alto da minha opinião isenta de mulher, que a rapariga é girissima. Claro está que vou ter de enxotar os 45 caramelos que vão fazer romarias à minha porta, a rondar enquanto babam para ver a nova aquisição, tudo tem um revés. Mas ainda assim, digo muito satisfeita: Vivam as mulheres bonitas e espertas! E simpáticas! Mulheres ao poder! Vivam as mulheres!

Oct 18, 2007

Aprender a fluir com a vida

Ontem uma amiga de longa data quis ir a uma aula de meditação num centro budista. Como ela tinha receio de sair de lá vestida de cor-de-laranja e cabelo rapado ou de afinal ser tudo uma tanga e tirarem-lhe um rim, desafiou-me para ir com ela (assim, éramos duas a ser alvo do embuste) e eu, sempre aberta a novas experiências e com a habitual dificuldade de dizer não, lá fui também. O tema da meditação era “Aprender a fluir com a vida” e pareceu-me que podia ser interessante. Chegadas ao centro, dirigimo-nos descalças para a sala, onde já só havia lugares na primeira fila e lá nos sentámos. À nossa frente estava aquilo que deve ser uma espécie de altar budista, cheio de budas de vários tamanhos. E mais abaixo no altar, comida. Mas o caricato é que não era comida confeccionada, tipo oferta de refeições ao Buda. Era comida embalada: frascos e frascos de mel, farelos e ainda muita massa dentro do pacote. Isso mesmo. Pacotes de massa crua de oferta ao Buda. Começo com vontade de rir pelo caricato da coisa, especialmente depois de ler num dos pacotes de massa que se tratava de macarronete integral, facto que na altura achei de uma graça extrema. A sala em silêncio completo, estava tudo já a meditar e eu não consigo controlar, começo a emitir ruídos. Abano o corpo, a minha amiga começar a abanar e emitir ruídos também e pronto, está tudo estragado. Estamos numa aula de meditação com um ataque de riso de correr lágrimas pela cara e quanto mais tento controlar mais estou a sufocar nas minhas gargalhadas. Levantámo-nos e fomos para a última fila, onde afinal havia dois lugares vagos, para não darmos tanta barraca e deixarmos de ver o macarronete… e ao fim de um bocado lá conseguimos esvaziar a cabeça de pensamentos engraçados e assistir às quase duas horas de meditação e explicação sobre a “impermanência” da vida sem sermos expulsas dali…

Oct 17, 2007

Pequenos dramas dos canhotos

Estava eu a tentar cortar a porcaria de um decreto-lei para fazer uma colagem de artigos no antigo diploma (coisas de advogados, que não interessam nada agora) e, quando dou por mim, estou a estragar o papel todo. Depois percebi que, para não variar, a tesoura que estava a usar era para dextros, ou seja, tem uma parte romba e uma parte que corta, o que faz com que quem tenta usá-la ao contrário, em vez de conseguir cortar apenas moí o papel. Passada a irritação ligeira com o assunto, lembrei-me onde teria posto um avental de cozinha que me ofereceram há anos e anos atrás e que eu gostava muito, que dizia:

If the left side of your brain controls the right side of your body, and the right side of your brain controls the left side of your body, then left-handed people must be the only ones in their right minds!

Oct 8, 2007

Viagens III

Será que todas as mulheres são consumidoras (ainda mais) compulsivas em viagem? Em tempo normal, de volta e meia, todas passeamos alegremente, sozinhas ou com amigas, a ver esta ou aquela loja, compramos uma coisa ou outra numa das 10 lojas em que entramos e pronto. Mas em viagem, salve-se quem poder!

Munidas dos indispensáveis visas (e agora também do electron, que funciona lá fora como se mais um cartão de crédito fosse), lá vamos nós largadas para fora de pé. E não interessa nada se precisamos ou não (o vigésimo par de jeans era importante), se é o nosso género ou nem por isso (estive a namorar uns sapatos ROXOS da Prada, até cair na real e me passar o ataque, a cor dos sapatos ainda me causaria um ataque epiléptico...), se não teremos já algo parecido com aquilo (na dúvida, provavelmente nem tem nada a ver, é melhor comprar) ou mesmo se nos serve (talvez os sapatos alarguem, afinal são de camurça!). Estamos numa missão obsessiva-compulsiva e ninguém nos pode parar. Ou melhor, até pára, mas não é quem, é o quê: paramos quando os visas começam a deitar fuminho do uso abusivo num curto espaço de tempo e a nossa consciência acorda da coma induzida.

P.S. Mas apesar de saber isso tudo, estou contentíssima a olhar para o batom, sombra, rimeis, lápis, serum, creme hidratante, creme dos olhos, exfoliante e ainda não percebi bem para o que serve o último produto que comprei, tudo dentro da necessaire horrível que a marca oferece a quem, por alguma razão obscura, achou que precisava daqueles 10 produtos novos!

Viagens II

Além de recordar os hotéis por onde passo pela localização, qualidade e serviço, um dos elementos essenciais do meu rating hoteleiro é o pequeno-almoço. Tenho um fascí­nio por pequenos-almoços de hotel, ao ponto de pôr o despertador para ter a certeza que me levanto a horas!

Eu que normalmente bebo um café com leite de manhã e já está a coisa feita, assim que estou hospedada num hotel transformo-me no Monstro das Bolachas (aquele monstro azul dos desenhos animados, que come cookies desenfreadamente) e trituro tudo o que me põem à frente. E consigo ingerir uma quantidade astronómica de comida que seria impensável em dia normal: vários sumos naturais, café com leite, croissants, brioches e torradas, ovos mexidos, bacon, fruta tropical com iogurte e cereais, queques e bolinhos, como tudo. E se os hotéis que acrescentam mais coisas ao tradicional pequeno-almoço continental, agradam-me: tipo os que têm panquecas! E se tiverem algo diferente, também experimento salvo raras excepções (lembro-me de um hotel que tinha um pequeno-almoço típico bengalês que não experimentei, porque consistia em receitas de caril variadas que me fizeram temer pela minha integridade física...).

O único revés do meu ataque “Monstro das Bolachas” é o regresso, porque além do fascínio pelos pequenos-almoços, em viagem fascino-me também com os almoços e jantaradas, com as entradas, pratos e saí­das, copos e afins pelo que mesmo que sejam apenas dois ou três mí­seros diazitos de viagem, a porcaria da balança, vá lá perceber-se porquê, acusa sempre!

Viagens I

Não sei porquê, mas desde que me lembro de viajar que tenho um grave problema com o chegar a horas ao aeroporto. É sempre a mesma coisa (muito irritante para quem viaja comigo) e desta vez não foi diferente.

Distrai-me com as horas, despistei-me à procura de um print de uma direcção de uma loja que queria ir, esqueci-me de marcar um táxi para aquela hora da madrugada e pronto, estava tudo estragado. De repente, falta uma hora e dez para o avião e eu estou em casa. Acabo de me vestir a correr, atiro com 10 coisas para dentro da mala ainda meia feita, pego na carteira e em 20 papéis avulsos e saio pela rua fora a correr que nem uma louca com a mala atrás até à paragem de táxis mais próxima. Nisto, já só faltam 55 minutos para a hora do avião. Sem fôlego, atiro-me para dentro do táxi e digo ao taxista (com um ar de menina aflita para dar mais ênfase à coisa) que tenho avião em menos de uma hora e que não sei o que vou fazer, era muito importante não perder o avião. Regra geral, os taxistas devem ansiar por estes momentos da donzela desamparada para poderem fazer uma condução à filme made in USA, mas o que apanhei desta vez excedeu-se - foi a guiar desenfreado deste o Ritz até ao aeroporto, aos ziguezagues tal qual carro de corrida e não parou em nenhum sinal vermelho, excepto no da rotunda do relógio (uff… se não parasse nesse, não estaria aqui a escrever de certeza!). Quando chegámos às partidas, disse-me com um ar orgulhoso – vê menina, bati o meu record e tudo, levamos 6 minutos do Hotel Ritz até aqui (!!). Atirei-lhe com o dobro do dinheiro que marcava, claro está. Nova corrida, agora para o check-in e, quando sou atendida, diz-me a senhora da Bristish Airways – teve sorte, mais 5 minutos e não embarcava.

Quando me vejo finalmente sentada no avião, o coração aos pulos pelo stress matinal e pela corrida contra o tempo, toda despenteada e com ar totalmente esgrouviado, penso porque é que continuo a fazer isto a mim própria e não aprendo a lição. Depois concluo que ainda o faço porque, até agora, miraculosamente nunca perdi um avião…

Oct 3, 2007

Insólito

Recebo uma chamada no telemóvel e, quando atendo, aparece uma gravação que diz:
“Aceita uma chamada a cobrar no destino?”. Pensei que pudesse ser um dos meus sobrinhos que, por alguma razão, estava sem saldo mas queria falar comigo. Aceitei e, após o “Estou? Estou? Sim?” inicial, caiu a chamada. Após alguns minutos, recebo um sms de um número desconhecido a pedir desculpa pela chamada a cobrar e a querer devolver-me o dinheiro, perguntando para isso o meu nome (curioso, não? Se fosse um NIB faria sentido, mas nome para reembolso de dinheiro? Ora pois sim, é o chamado fazer conversa, tonta mas fazer conversa!). Resposta pela mesma via, no sentido de agradecer e dizer que não valia a pena tal preocupação. Insistência sobre o meu nome. Resposta dizendo que não fazia sentido a devolução. Nova insistência para saber o nome. Silêncio do lado de cá. Insistência. Silêncio. Nova insistência, agora com um “gostei da sua voz tão bonita, vamos ser amigos, o meu nome é X”. Silêncio acompanhado de ar estapafúrdio a olhar para o telemóvel. Afinal, ligam a cobrar mas gastam dinheiro a enviar sms atrás de sms? Voz tão bonita expressada pelo breve estou, estou (que no meu caso até é uma voz para o esganiçado…)? Que loucura. Não resisti (também tenho a minha quota-parte de louca) e enviei um “Não está bom da cabeça. Fim de conversação”. Nova insistência, agora a pedir para ligarem, eu atender e conversar!!! Sim, conversar!!!

Conclusão: o telemóvel foi lançado para parte longínqua e incerta com um ar de terror, acompanhado de corrida para longe da maquineta infernal. Eu sei que vivemos numa era internética e bloguista, cheia de novas tecnologias e novas formas de comunicação mas, fazer amiguinhos via sms aleatório para um telemóvel, valham-me os Deuses, tanto maluquinho que por aí anda!

Oct 2, 2007

Os brasileiros na vanguarda

Não sei como é que nunca tinha pensado nesta profissão dois em um: se a vida corre mal e um bruxo / vidente/ medium / whatever não consegue resolver os problemas de quem lá vai, não faz mal, além do dinheiro que já gastaram para nada, ele pode sempre ser amiguinho (calculo que continue a não ser gratuito...) e jogar uma bisca lambida ou ir dar apoio moral ao bingo!