Sep 26, 2007

Perguntas imbecis

Estive quase a tarde toda com coleguinhas à porta do gabinete à espera, em bicha (sim, bicha, que essa modernice de se dizer fila em vez de bicha irrita-me!), para colocar todo um rol de perguntas estúpidas que não vos passa pela cabeça. Mas como nenhuma estava a bater a já antiga mas ainda no top das perguntas imbecis do “tenho aqui o original de um contrato, agrafo ou ponho um clipe?” (as dignas de registo vão para um top que parece inventado…) vi que não iam proporcionar-me uns bons momentos de gargalhada. Por isso, voltei a pôr em prática um diálogo non-sense que já usei no passado como desencorajador da bicharada. Aos novos que chegavam à porta do gabinete para engrossar a dita espera e torrar a minha paciência (que não é muita para os disparates alheios), fiz-lhes variantes deste diálogo:

- já tirou a senha?
- qual senha?
- a senha da sua vez.
- mas agora tem senhas?
- tenho.
- mas onde estão?
-não as vê?
- não...
- aí mesmo!
-onde?
- hum...que horas são?
- hã?
- as horas?
- quase sete...
- Ah, por isso é que não as vê, já encerramos o expediente (isto acompanhado de riso disparatado e de um teclar alegre a olhar para o monitor).


Mission accomplished: consegui dispersar a bicha em 10 minutos e vou para casa mais cedo e tudo!

Sep 24, 2007

Importa-se de repetir?

Estava eu muito bem na minha aula de yoga, concentrada na respiração e no exercício que o professor estava a explicar quando ele diz – abram as pernas e ponham os pés à mesma largura da anca. Obedeci prontamente. Continuei a seguir as outras instruções: roda pé direito 30º graus e fica no bico do pé, pé esquerdo a 90º graus, torce joelho esquerdo para fora e dobra, roda o tronco para o lado direito (ou seria esquerdo?...), põe o cotovelo esquerdo (ou direito? ou seria o braço?) à frente da perna direita e empurra a perna para trás…

Neste momento do exercício estou com manifesta dificuldade em manter o equilíbrio e não me estatelar no chão. O professor ao ver-me a abanar perigosamente vem em meu socorro e diz: eu disse para abrir as pernas e pôr os pés à largura da anca que tem, não com a largura que gostaria de ter! Risota geral na aula – incluindo eu, claro. Parece que a minha incapacidade com as medidas e distâncias também afecta o desempenho da meditação colectiva das aulas de yoga...

Sep 20, 2007

Cross the line

Todos temos amigos e amigas que por razões amorosas passam a fronteira do razoável e perdem a sanidade. E como se diz a alguém, claramente perturbado e sem réstia de racionalidade, que passou essa fronteira? Pois, não se consegue dizer, apenas se pode ajudar a minimizar os estragos!

Por isso, já fui de emergência ao aeroporto buscar por uma orelha uma amiga desnorteada que, tal qual David Attenborough, esperava camuflada entre umas plantas falsas que o respectivo-futuro-ex chegasse para ver se ele vinha com outra (sim, imaginem, escondida atrás de uma planta de 1,20m com duas folhecas, só faltava estar a fazer ruídos da selva para o disfarce ser perfeito)…e noutra vez, chegou outra amiga a minha casa, a fazer tempo antes de o encontro com o ex-talvez-respectivo-outra-vez, pintada como um palhacinho, dois círculos cor-de-rosa vivo nas bochechas, sombra azul, batom encarnado, devido a um xanax que lhe toldou a visão, a quem tive de retocar a maquilhagem como quem não quer a coisa (se ela aparecesse assim poder-se-ia ver o fumo a sair dos pezinhos dele tal seria a corrida da fuga).

Se eu for a pensar, também me recordo de duas ou três feitas por mim, mas não revelo aqui os meus próprios momentos de insanidade aguda. Avanço só com dois disparatados de um passado longínquo: uma vez vitimei uma amiga para tirar as matriculas todas dos carros de uma rua para fazer um cruzamento de dados que, só alguém com a mente em loop, podia achar possível e, noutra altura, convenci-me que tinha um microfone no carro mas, apesar de ter feito buscas exaustivas, não o consegui encontrar; ainda assim, continuei convicta da sua existência e obrigava toda a gente que entrava a dizer olá e o nome para o ar porque estava sob escuta! (Cada um passa a fronteira à sua maneira…)

Agora adoptei um método preventivo de ajuda aos amigos que vejo que estão prestes a pisar a linha - digo que, antes de fazerem asneira da grossa, se quiserem, para me ligarem e conversarem. Mas, quando sou levantada da cama com uma chamada que se torna inevitavelmente longa, questiono-me sobre a inteligência da ideia de me oferecer como bombeira de serviço…

Sep 19, 2007

Relativizar

Estava a olhar para um calhamaço infindável de papel que trouxe do trabalho e que me vai obrigar a trabalhar até às quinhentas da manhã e dei por mim a pensar nas outras profissões bem mais interessantes, giras e estimulantes que eu podia ter. Depois lembrei-me de um email que recebi aqui há algum tempo com uma terapia interessante para os “I hate my job days”:

On your way home from work, stop at your pharmacy and go to the thermometer section. You will need to purchase a rectal thermometer made by Johnson and Johnson. Be very sure you get this brand. When you get home, lock your doors, draw the drapes and disconnect the mobile so you will not be disturbed during your therapy. Change to a very comfortable clothing and lie down on your bed. Open the package and remove the thermometer. Carefully place it on the bedside table. Take out the material that comes with the thermometer and read it. You will notice that in small print there is a statement:

“Every rectal thermometer made by Johnson and Johnson is personally tested”

Now close your eyes and repeat out loud five times: “I am so glad I do not work for quality control at the Johnson and Johnson Company!”.

Sep 13, 2007

Letras originais

Eu sei que o José Cid é um grande músico, o pai do rock português, o mestre genial, inovador e por aí fora. À parte o meu desagrado generalizado em relação às musicas do José Cid, a minha crítica vai não para a música do Cid mas sim para a letra de uma em especial, da célebre "Como o macaco gosta de banana", música com que embirro ferozmente.

Hoje de manhã estava dar na rádio e eu ouvi-a não sei porquê. Aquela "coisa" entra no ouvido e dei por mim horas depois a cantarolá-la (o que dá um ar sempre cool, claro, nada como andar pelo emprego de fato completo a cantar sozinha "de banaaana!"). Cheguei a casa e fui logo procurá-la na internet- quando uma música não me sai do ouvido, volto a ouvi-la para deixar de a ter na memória. Depois, fui buscar a letra toda.

Eu sei que todos os artistas têm momentos menos felizes e obras menos conseguidas. Mas a letra do macaco indicia o consumo de substâncias psicotrópicas em quantidades perigosas, senão relembro-vos:

"(introdução assobiada)
A minha palmeira é muito porreira eu sei
Mas no meu deserto tu foste o oásis que achei
Tu ficas louquinha quando tiro a casca à banana
Ficas tão tontinha que a tua cauda abana.

[Refrão]:
Como o macaco gosta de banana eu gosto de ti (de banaaana!)
Escondi um cacho debaixo da cama e comi comi (de banaaana!)

Minha macaca gira e bacana
O teu focinho é que não me engana
Pois se a macaca gosta de banana tu gostas de mim
Como o macaco gosta de banana eu gosto de tiiiiii

(momento assobiado)
Um orangotango transformou um tango num rock
É a nova moda que põe Portugal em amok
Quem foi ao ataque foi o chimpanzé e o saguini
Minha macaquinha, estão apanhadinhos por ti (iii, iii, iii…)
(refrão)

(mais uma assobiadela)"

Vinha aqui fazer uma critica à letra, mas confesso que nem consigo, do que me estou a rir do disparate da coisa. Fiquei a pensar e acho que falhei uma vocação, porque mesmo sem o consumo de algo ilegal, acho que consigo escrever uma letra disparatada (tcham tcham tcham- nota prévia: ler com a música "Wonderful Tonight" do Eric Clapton em mente):

"(palminhas ritmadas)
Não ouve aulas, tive um furo
Quando p'la primeira vez te vi-i-i-i
Estavas de azul escuro
E logo me apaixonei por ti-i-i-i

A paixão era grande, não sabia o que fazer
E então pensei, que se lixe, vou ficar só a ver

[Refrão]:
Desde então espero sempre
a qualquer momento o teu olhar en-con-trar
Basta tu estares presente
para eu logo me pas-sar
...És o maior!
(trá la ra la ra com palminhas ritmadas)"


Após um esforço intenso de 5 minutos a criar a primeira parte da letra com uma métrica nunca antes vista, penso que para estar a escrever estes disparates quem não é boa da cabeça (mesmo sem consumir nada) sou eu...

Sep 10, 2007

A praga

Estou rodeada de formigas na minha casa. Elas estão em todo o lado, atacam tudo o que possam imaginar (do cesto da roupa suja ao fato de mergulho, sabonetes e eu sei lá mais o quê). Para verem ao ponto que isto chega, no fim-de-semana comprei um palmier numa pastelaria, mandei embrulhá-lo e quando cheguei a casa pousei-o na mesa da cozinha. Fui atender uma chamada e, quando voltei, uns míseros 20 minutos depois, as gajinhas tinham atacado o embrulho!

E como se este cenário dantesco não chegasse, agora atacam-me à noite na cama (isto agora assim dito até soa mal…). Mas é verdade: quando acordo de manhã, tenho sempre umas amiguinhas a passearem-me pela cama e travesseiro (argh, já devo ter comido umas quantas a dormir…o que vale é que têm proteínas) e não julguem que é por causa de migalhinhas, porque não levo comida para a cama!

Isto seria muito expectável numa casa de campo. Mas onde é que já se viu isto em plena cidade? Não tarda nada, vou ter de fechar o estabelecimento para uma “desformigazação”…

Sep 5, 2007

Sobre saídas à noite a meio da semana

Havia alguma razão para eu nunca nunca sair à noite a meio da semana. Mas ontem valores mais altos se levantaram e não me recordei dela. Hoje, os anões de picareta que me incomodam desde cedinho e a minha cara de robalo, fazem-me cantarolar baixinho:

"Quando a cabeça não tem juízo
Quando te esforças
Mais do que é preciso
O corpo é que paga
O corpo é que paga
Deix'ó pagar, deix'o pagar
Se tu estás a gostar...
(...)
Quando a cabeca está nessa confusão
Estás sem saber que hás-de fazer
E ingeres tudo o que te vem à mão
O corpo é que fica
Fica a cair sem resistir"

Façam pouco barulho ao passar por aqui e só me acordem lá para 5ª feira, sff.