No último dia de férias, já em Lisboa, estava muito bem a dormir quando sou acordada a meio da manhã pelo dedo de alguém na minha campainha. Com tanta insistência tocaram que eu lá me levantei, abri a porta da rua e perguntei lá para baixo o que queriam. Gritou-me uma voz de senhora idosa: “Ó minha menina, é a Arminda, do prédio em frente (??!). Venha rápido que está aqui o senhor da EMEL a querer multar-lhe o carro e eu estou a tentar impedi-lo”.
Meia estremunhada, lá vesti qualquer coisa e fui à rua pôr moedas no parquímetro. O verdinho da EMEL já se encontrava em fuga da fúria da D. Arminda, a qual satisfeita me disse: “Assim que vi da janela que o senhor da EMEL vinha multar o seu carro, vim logo a correr e não o deixei. Disse-lhe logo – olhe que a menina é nova aqui e por isso ainda não teve tempo de pedir o selo de residente. E como está doente (!!?), coitadinha, não pode pôr moedas!”. E continuou a dissertar, agora sobre outros moradores da rua em alegre monólogo, enquanto eu ainda tentava pôr o meu cérebro a funcionar. Agradeci-lhe e voltei para casa. Escusado será dizer que a D. Arminda sabe tanto da minha vida (e pelos vistos, da dos restantes moradores das redondezas) porque passa o dia à janela e, como não tenho cortinas ainda, devo ser a vizinha que lhe facilita mais a cusquice...
Por isso, percebi que era hora de ir às compras de varões e cortinas para a minha sala, para acabar rapidamente com a novela da vida real que, nos últimos dois meses, a D. Arminda anda a assistir!
Aug 31, 2007
Aug 28, 2007
Aviões & Aeroportos II
Haverá algum manual secreto dos pilotos e respectiva tripulação que diga que, quando falam em inglês com os passageiros, aqueles devem assegurar-se que, quer a construção frásica, quer o sotaque, deverão ser tão maus, tão maus, de forma a que ninguém seja capaz de perceber uma palavra do que estão a dizer? Ainda me recordo aqui há uns anos de uma hospedeira ter dito no seu melhor inglês “Please don’t smoke the toilet” e de um piloto ter dito com o seu melhor sotaque “If you look right, you can see the lovely bitches”…
Na última viagem que fiz o piloto dissertou em espanholês durante 10 minutos sobre a razão do longo atraso na partida, já connosco dentro do avião e, a única palavra que se percebeu, foi que tal se deveu a “technical problems”. Se de facto o avião tinha problemas, por que raio é que o piloto partilhou (ou tentou partilhar) esse infortúnio com os passageiros? Alguém quererá saber, quando já vai no ar e não há nada a fazer, que o avião (um chaço com mais de 20 anos), tem problemas técnicos?????
Felizmente não sou facilmente abalável e eliminei essa informação desnecessária da minha mente - 10 minutos depois, já dormitava alegremente para cima do passageiro do lado!
Na última viagem que fiz o piloto dissertou em espanholês durante 10 minutos sobre a razão do longo atraso na partida, já connosco dentro do avião e, a única palavra que se percebeu, foi que tal se deveu a “technical problems”. Se de facto o avião tinha problemas, por que raio é que o piloto partilhou (ou tentou partilhar) esse infortúnio com os passageiros? Alguém quererá saber, quando já vai no ar e não há nada a fazer, que o avião (um chaço com mais de 20 anos), tem problemas técnicos?????
Felizmente não sou facilmente abalável e eliminei essa informação desnecessária da minha mente - 10 minutos depois, já dormitava alegremente para cima do passageiro do lado!
Aviões & Aeroportos I
Sempre achei curioso o fenómeno comportamental das pessoas nos aeroportos. Existem regras básicas de comportamento que todos nós (uns mais do que outros, é certo) respeitamos no dia-a-dia nos mais variados sítios públicos que frequentamos. Mas essas regras não se aplicam aos aeroportos. Aí as pessoas, decerto fartas das horas de escala que têm pela frente, estão-se borrifando para o que é suposto e vale tudo. Andam descalças ou de meias pelos corredores, fazem piqueniques em qualquer lado, lavam os dentes e/ou o sovaquito nas casas-de-banho, encostam-se para dormir em qualquer cadeira ou mesmo no chão (se for preciso, até de venda!), penteiam-se ou tiram macacos do nariz no meio de centenas de outras pessoas e não estão minimamente raladas com isso.
O facto de estarem chateadas de morte com o tempo estúpido que têm de passar na porcaria do aeroporto e de nunca irem voltar a ver os outros 500 chineses que por ali andam, legitima que todos os comportamentos socialmente incorrectos sejam feitos em público sem pestanejar. E, como isto é universalmente aceite por todos os outros, algo tão estapafurdio como alguém estar a limpar a orelha com um cotonete na cadeira do lado não suscita olhares incomodados. E quanto mais horas se passa num aeroporto (o meu record até hoje está em 12 horas, acreditem que não é uma experiência que queiram passar…), maior é a descontracção, é quase como se temporariamente, encarássemos aquela sala de espera como a nossa própria sala de estar!
Gosto deste regime de impunidade comportamental que existe nos aeroportos: já devo ter dormido esparramada em quase todos por onde tive de ficar mais de 2 horas e já comi o meu snack nos sítios mais disparatados. Quanto aos hábitos de higiene, confesso que já pus um penso para a bolha do pé em pleno lounge sem hesitar (a porcaria das sandálias-que-até-pareciam-confortáveis-para-viajar-mas-ao-fim-de-4-horas-não-o-eram causaram-na e as bichas das casas de banho eram desencorajadoras do meu recato…). Selvagem ou não, é bom saber que ainda há sítios onde as preocupações de aparência são reduzidas!
O facto de estarem chateadas de morte com o tempo estúpido que têm de passar na porcaria do aeroporto e de nunca irem voltar a ver os outros 500 chineses que por ali andam, legitima que todos os comportamentos socialmente incorrectos sejam feitos em público sem pestanejar. E, como isto é universalmente aceite por todos os outros, algo tão estapafurdio como alguém estar a limpar a orelha com um cotonete na cadeira do lado não suscita olhares incomodados. E quanto mais horas se passa num aeroporto (o meu record até hoje está em 12 horas, acreditem que não é uma experiência que queiram passar…), maior é a descontracção, é quase como se temporariamente, encarássemos aquela sala de espera como a nossa própria sala de estar!
Gosto deste regime de impunidade comportamental que existe nos aeroportos: já devo ter dormido esparramada em quase todos por onde tive de ficar mais de 2 horas e já comi o meu snack nos sítios mais disparatados. Quanto aos hábitos de higiene, confesso que já pus um penso para a bolha do pé em pleno lounge sem hesitar (a porcaria das sandálias-que-até-pareciam-confortáveis-para-viajar-mas-ao-fim-de-4-horas-não-o-eram causaram-na e as bichas das casas de banho eram desencorajadoras do meu recato…). Selvagem ou não, é bom saber que ainda há sítios onde as preocupações de aparência são reduzidas!
Aug 22, 2007
Aug 4, 2007
Estou...
...oficialmente de férias, pelo que a introdução de posts no blog vai ser interrompida temporariamente.
Até ao meu regresso, Bee
Até ao meu regresso, Bee
Aug 2, 2007
O cúmulo do disparate é...
...ir três vezes bater com o nariz na porta da Area Retail em Sintra (sim, por três vezes, devido ao mau planeamento do timing do percurso...) , enfrentar o inferno da IC19 (que nem em Agosto está calma) e, quando finalmente consegui apanhar a chafarica aberta, apenas haver uma cadeira partida (das tais célebres, as descontinuadas) e comprá-la mesmo assim. E quando eu digo partida, não me refiro a uma lasca no encosto ou a uma fenda no pé, quero dizer que o assento da cadeira está partido, a tal ponto que me venderam a cadeira pela quantia simbólica de 5 neuros (o vendedor ainda deve estar a pensar que tipo de atrasada mental compra uma cadeira naquele estado).
Cheguei a casa, olhei para a cadeira e, surpreendentemente concluí que... não vai dar para ninguém lá se sentar! Devo estar mesmo a precisar ir de férias. O meu cérebro tenho a certeza que já foi andando.
Cheguei a casa, olhei para a cadeira e, surpreendentemente concluí que... não vai dar para ninguém lá se sentar! Devo estar mesmo a precisar ir de férias. O meu cérebro tenho a certeza que já foi andando.
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